Embora a carne de tatu seja consumida em algumas regiões como uma alternativa durante a escassez de alimentos, há sérios riscos à saúde que devem ser considerados. A principal preocupação é a possibilidade de transmissão de doenças, como a hanseníase (lepra), especialmente devido à presença da bactéria Mycobacterium leprae que pode ser encontrada em tatus. Estudos mostraram que uma porcentagem significativa de tatus no Brasil está infectada com esta bactéria, o que aumenta o risco de transmissão zoonótica, ou seja, de animais para humanos, especialmente através do contato direto ou consumo da carne desses animais
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Além da hanseníase, outras doenças podem ser transmitidas por tatus, como a coccidioidomicose e a paracoccidioidomicose, duas infecções fúngicas que frequentemente afetam pessoas que tiveram contato com habitats de tatus ou que manipularam a carne desses animais sem proteção adequada. Os esporos desses fungos podem ser inalados durante a caça ou escavação, levando a infecções respiratórias sérias
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Outro risco inclui a transmissão do Trypanosoma cruzi, agente causador da doença de Chagas, que também pode ser encontrado em tatus infectados. A exposição a estes microrganismos ocorre principalmente pela manipulação da carne sem proteção adequada, como luvas, o que pode levar à autoinoculação ao tocar na boca ou nariz após o contato
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Apesar dos riscos, é importante destacar que o consumo da carne de tatu, quando bem cozida, pode minimizar os riscos de infecção, similarmente ao que acontece com outras carnes. No entanto, o consumo de carne malpassada ou crua pode ser perigoso. O ideal é sempre optar por alimentos seguros e evitar a caça ilegal, considerando também os impactos ambientais da redução das populações de tatus
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Portanto, é crucial estar ciente desses riscos e tomar precauções adequadas ao lidar com animais silvestres, tanto para proteger a saúde humana quanto para preservar as espécies e seus habitats.